30 maio, 2017

Resenha :: [in]contadas

maio 30, 2017 36 Comentários


Ao receber o livro fiquei surpresa com sua beleza, apesar da simplicidade. Uma capa em um tom forte de roxo, com alto relevos nos nomes das autoras e na ilustração ao fundo, e em perfeito contraste com o amarelo do título.

O livro possui orelhas, páginas amareladas, uma bela diagramação e ao final de cada conto, a fotografia e uma breve biografia de quem o escreveu. Se não bastasse, o livro pode ser adquirido gratuitamente no site da editora Vira Letra em formato digital ou impresso (neste caso, pagando apenas o frete).

O livro [in]contadas é uma coletânea com 15 contos de literatura lésbica, escritos por 15 autoras que tinham como missão representar a pluralidade de ser mulher e lésbica.
                     
“Negar a própria essência para se enquadrar, ser aceita, perseguir os sonhos e objetivos alheios, atender à expectativas e cobranças de terceiros. Independente do motivo, era o pior sofrimento que poderia imaginar.” Duas mulheres sozinhas – Diedra Roiz

A coletânea tem intenção de dar voz a mulher lésbica, mostrar sua força, mostrar que ela merece e deve ser ouvida, dar um espaço, deixá-la expor seu ponto de vista, seus sentimentos. Os contos abordam diversos temas como: a descoberta, as primeiras experiências, o processo de aceitação própria, a aceitação da família, o preconceito da sociedade, a saudade, o desejo, entre outros. 

“Meu problema sou eu, é a luta diária que travo com meus touros que reprimo, especificamento meu touro Encanto, que sufoco energicamente há dois meses.”Touro na Arena – Ana Paula Enes

O que mais gostei na coletânea, de longe, foi mostrar como o amor prevalece, mostrar que num relacionamento entre duas pessoas de mesmo sexo não existe apenas sexo, e que há (e muito): amor, cumplicidade, carinho, felicidade, respeito, lealdade, companheirismo, admiração e claro, desejo! 

“Vi que a coragem era boa e permiti que me guiasse. Ousei. Busquei. Lutei. Contra amarras e medos. Me permiti viver com e para você. Fui deixando o abismo para trás.” A criação do amor e o que veio depois – Priscila Cruz

Espero que esta coletânea abra (ainda mais) as portas para todas as autoras talentosas que participaram dela, além de outros talentos que possam vir a se inspirar nelas para lançar livros, poemas, contos, música, etc. Parabéns a editora Vira Letra pela iniciativa, pela distribuição gratuita do material, pela divulgação e por dar espaço a uma minoria, que merece (e muito) ser ouvida e representada. Obrigada Gabriel Finco por ter me dado esse desafio!

Se recomendo a leitura? Claro que sim! Gostei de cada um dos contos, seja pela sensibilidade, pela beleza, pela dor, pelo sofrimento, pelo emponderamento, pela coragem, pela luta ou pela representatividade.


Nota ::  


Informações Técnicas do livro


[in]contadas
Aquelas que não podem falar dizendo o que não deve ser dito
Ano: 2017
Páginas: 196
Editora: Vira Letra
Sinopse (Skoob)
[in]contadas é uma coletânea de 15 contos de literatura lésbica, escritos por 15 autoras que representam a diversidade de ser mulher e lésbica.
Esta coletânea surge com a pretensão de buscar uma oportunidade para traduzir, dar voz e tornar visível uma realidade que ainda é minoritária na produção literária LGBT: a da mulher lésbica como protagonista-narradora-sujeito desejante, portadora da voz, do ponto de vista e do discurso.
Saber respeitar a diversidade é uma tarefa difícil em uma sociedade que cria padrões a partir da construção de modelos pré-estabelecidos, e isso não é diferente dentro do universo LGBT.
Os textos desta coletânea pretendem ser inovadores na medida em que as narrativas lésbicas expressam realidades buscando deixar a invisibilidade de uma sociedade patriarcal, heteronormativa e sexista, que considera um casal de mulheres como sendo “duas mulheres sozinhas”.
São 15 autoras maravilhosas, cada uma com um conto imperdível: Ana Paula Enes, Bel Mazzanti, Carla Gentil, Cidinha da Silva, Danieli Hautequest, Diedra Roiz, Hanna K., Inaê Diana, Jackie Rodrigues, Lis Selwyn, Manuela Neves, Márcia Rocha, Marina Porteclis, Priscila Cruz e Wind Rose.
Coletânea organizada pela escritora Diedra Roiz e pela editora Manuela Neves, realizada por meio do Programa de Ação Cultural - PROAC, do estado de São Paulo.
📖 A versão ebook pode ser lida gratuitamente, basta ir no site da Editora Vira Letra ou Clicar aqui!! 
📖 A versão Impressa pode ser recebida Gratuitamente arcando apenas com a despesa de envio (tranquilo né!) Clique aqui e garanta o seu!! 

Nosso agradecimento a autora e organizadora dessa coletânea, a escritora 🌹 Diedra Roiz por nos honrar com sua confiança e carinho, enviando a edição para o Clube. 💙 ~Gabriel

26 maio, 2017

Série :: Vikings

maio 26, 2017 3 Comentários


“É quando estamos entre a vida e a morte que nos sentimos mais vivos.” Floki.

Já começo falando da abertura dessa série. O que é aquilo??? Sem dúvidas é uma das melhores aberturas de todos os tempos. Tem tudo com a história, com os fatos mostrados nos episódios... é a cara da série. Só de tocar a introdução você já sabe de que série estamos falando. 


Eu demorei demais pra começar assistir esse obra. Não sei o motivo. Talvez eu até saiba, mas é difícil admitir que estava perdendo tempo com séries meio bosta. Sobre a série propriamente dita: é simplesmente um espetáculo.

Tudo começa quando o protagonista, Ragnar, com seus homens, vão explorar lados, terras nunca exploradas antes. Eles vão explorar o lado Oeste da Terra. Até então ninguém nunca conseguiu êxito. Seu Lord, que só permitia a realização dessas cruzadas à Leste, não fica nada contente com o êxito de seu subordinado, pois o povo começa olhar estranho para as novas decisões do Lord. É basicamente isso. Tudo se desencadeia dessa decisão que Ragnar toma e... Glória.

"Poder é sempre perigoso. Atrai o pior e corrompe o melhor. Nunca pedi por poder. Poder só é dado por aqueles que estão dispostos a abrir mão de si por ele." Ragnar.
                             
Cada episódio é de uma grandeza à parte e você só sabe desejar que dure por umas 2 horas. É tudo muito cru. O que tem que acontecer, acontece. Quem tem de morrer, morre. É briga política, familiar, traições, territoriais... Isso tudo em 45 minutos em média. 

Por se tratar de uma série histórica, temos uma crueldade no exato sentido da palavra e digo que isso não é ruim. É muito enriquecedor pois estamos falando de povo bárbaro.

Estou iniciando a segunda temporada, mas já posso dizer que é umas das minhas séries favoritas. Recomendo muitíssimo para maiores de 16 anos. E para quem gosta de mitologia nórdica.



Informações Técnicas da Série



Vikings
Gênero: Drama histórico
N.º de temporadas: 4 (5ª confirmada)
N.º de episódios: 49 (lista de episódios)
Duração: 45 minutos (aproximadamente)
Criador: Michael Hirst
País de origem: Canadá / Irlanda
Idioma original: Inglês

22 maio, 2017

Resenha :: Caminho das Sombras (The Way of Shadows)

maio 22, 2017 2 Comentários

Confesso que gosto de livros que tem aprendizes e vamos acompanhando todo o desenvolvimento deles conforme o livro, e apesar de estar tentando evitar sagas incompletas, essa já vinha chamando a minha atenção há bastante tempo (deve ser por estar incompleta, elas me chamam!!).

Caminho das Sombras tem quase tudo que eu esperava. Azoth é um garoto de guilda (é como se fosse uma gangue, todos os garotos de rua têm que estar em uma se quiserem sobreviver), e vê e passa por coisas horríveis, e tudo que ele mais quer é proteger os que lhe são próximos e parar de sentir medo, com isso o seu maior desejo é querer ser aprendiz do derramador, o assassino Durzo Blint.

A relação entre Azoth e Durzo é um pouco diferente dos que nos é apresentado normalmente. Sim, é um treinamento muito pesado, apesar de alguns detalhes ficarem mais de fora, o relacionamento deles fica entre o passional e o racional, sabendo que sempre tem que fazer o que for necessário, tipo o do “ele pode me matar a qualquer momento”, rs.

Fiquei achando que algumas coisas aconteceram rápido demais, o crescimento de Azoth, por exemplo, e eu ainda não decidi se isso é uma coisa de todo ruim ou não, pois acho que quanto mais você acompanha esse crescimento mais você se apega ao personagem. Eu gostei muito de Azoth, mas acredito que me apegaria mais ferrenhamente a ele se não fosse tudo no “de repente”. Mas o desenvolvimento deles é bom (só não era o esperado), assim como o de outros personagens e o final com toda certeza deixou um enorme branco do que vai acontecer na continuação do livro.

Tem muita coisa para acontecer e, infelizmente, eu estou ansiosa, mas vou ter que esperar, rs. Espero que leiam e gostem também.


Nota :: 


Informações Técnicas do livro

Caminho das Sombras
Anjo da noite #1
Ano: 2016
Páginas: 432
Editora: Arqueiro
Sinopse:
Para Durzo Blint, matar é uma arte... e ele é o artista mais talentoso da cidade. Temido por muitos, Durzo é uma lenda viva com as mãos manchadas de sangue e nenhuma culpa pelas vítimas que deixa pelo caminho. 
Esse mundo sombrio também não é novidade para o jovem Azoth. Sobrevivendo entre becos sujos, ele aprendeu que a esperança é uma piada. Pelas regras das guildas, crianças são agredidas e surradas todos os dias. 
Tentar contestar essa realidade seria um risco alto demais. Mas quando a morte se torna questão de tempo para ele e seus amigos, Azoth se vê forçado a vencer o medo e agarrar a chance de virar um derramador, um assassino. Ele precisa se tornar discípulo de Durzo Blint. 
Para ser aceito, o garoto abandona sua antiga vida e abraça uma nova identidade. Ao se tornar Kylar Stern, ele aprenderá a transitar no mundo dos nobres, sobreviver às magias de seus inimigos e cultivar uma amizade muito especial: a da escuridão.

18 maio, 2017

17 maio, 2017

08 maio, 2017

04 maio, 2017

Resenha :: O Último Desejo (Ostatnie życzenie)

maio 04, 2017 0 Comentários

“Um mal é um mal (...). Menor, maior, médio, tanto faz… As proporções são convencionadas e as fronteiras, imprecisas. Não sou um santo eremita e não pratiquei apenas o bem ao longo de minha vida. Mas, se me couber escolher entre dois males, prefiro abster-me por completo da escolha.”

Essa obra faz parte de uma série de livros com título grande (A Saga do Bruxo Geralt de Rívia) que serviu como base para a série de jogos "The Witcher" feito pela CD Projekt Red. O primeiro livro da série conta com um compilado de contos sobre alguns momentos que o bruxo Geralt vai relembrando com o passar da história.

Nesse universo, os bruxos são caçadores de criaturas monstruosas, mas também existem aqueles que usam suas técnicas de bruxos apenas para ganhar dinheiro e vivem como mercenários, assim causando certo preconceito com os bruxos, enquanto alguns veem eles como salvadores, outros os veem como carniceiros, mercenários gananciosos e sequestradores de crianças.

O experimento para se tornar um bruxo não é sem um pouco fácil, ele é doloroso, longo e você tem que passar por uma série de testes físicos. O personagem principal Geralt, foi pego ainda criança para os experimentos, quando viram que ele estava resistindo a todos os venenos e doenças que era exposto, decidiram usar algo mais forte e por causa dos experimentos, ele tem olhos de dragões e seus cabelos e pelos são completamente grisalhos. Geralt tem uma ideologia de não matar criaturas inteligentes e no livro mostra que nem tudo tem que ser resolvido na espada.

São ao todo sete contos se considerar que um deles é dividido ao longo do livro. Ele é um excelente livro para quem é fã da série de games, já que ele vem com algumas informações adicionais, como a origem da Ciri ou como o Geralt conheceu o a Yennefer e várias outras informações adicionais; e também para quem gosta de fantasia.

“Aos homens agrada inventar monstros e monstruosidades. Com isso, sentem-se menos monstruosos. Quando se embriagam, são capazes de trapacear, roubar, bater na esposa, deixar morrer de fome a velha vovozinha, matar a machadas uma raposa pega numa armadilha ou ferir com flechas o último unicórnio do mundo. Nessas horas, gostam de pensar que Moahir, que adentra suas choupanas de madrugada, é muito mais monstruosa do que eles. Aí, ficam com o coração mais leve e acham mais fácil tocar a vida adiante.”


Nota :: 

Informações Técnicas do livro

O Último Desejo
A Saga do Bruxo Geralt de Rívia #1
Ano: 2011
Páginas: 320
Editora: Martins Fontes
 
Sinopse (Skoob):
Geralt de Rívia é um personagem estranho, um mutante que, graças à magia e a um longo treino, mas também a um misterioso elixir, se tornou um assassino perfeito. Os seus cabelos brancos, os seus olhos que vêem melhor de noite que de dia, o seu manto negro, assustam e fascinam. E Geralt dedica-se a viajar por terras pitorescas, ganhando a vida como caçador de monstros. Pois nos tempos obscuros que lhe couberam em sorte abundam ogres e vampiros, e os magos são especialistas da manipulação. Contra todas essas ameaças, um assassino hábil é um recurso indispensável. Ora Geralt, que é ao mesmo tempo um guerreiro e um mago, tem capacidades que o fazem impor-se a todo esse estranho mundo. É um feiticeiro. E é absolutamente único.No decurso das suas aventuras, encontrará uma sacerdotisa autoritária mas generosa, um trovador lascivo mas de bom coração, e uma feiticeira caprichosa, de encantos venenosos. Amigos por um dia, amantes de uma noite. Talvez porém que no final da sua epopeia ele possa realizar o seu último desejo: reencontrar a sua humanidade perdida…

02 maio, 2017

Resenha :: A Bibliotecária de Auschwitz (La bibliotecaria de Auschwitz)

maio 02, 2017 24 Comentários

“Abrir um livro é como abrir uma janela à liberdade.”

O livro “A Bibliotecária de Auschwitz” é um romance baseado numa história real, e escrito por Antonio G. Iturbe. Adquiri este livro após ler apenas a sinopse dele, não li nenhuma resenha antes de adquiri-lo, e foi uma grata surpresa.

Edita Adlerova, ou simplesmente Dita, era uma adolescente comum que vivia com seus pais – Hans e Liesl - em tranqüilidade na cidade de Praga, até que durante a Segunda Guerra Mundial eles são expulsos de sua casa e são levados como prisioneiros ao campo familiar de Auschwitz-Birkenau pelo simples fato de serem judeus.

“Uns dias em Auschwitz transformam um novato em veterano. Também podem transformar um jovem num velho ou uma pessoa robusta num ser decrépito.”

O campo de Auschwitz era na verdade uma propaganda nazista para mostrar para a Cruz Vermelha que a fama dos campos de extermínio não era real. Alguns internos souberam tirar proveito disso e conseguiram que um dos blocos fosse transformado em um lugar só para as crianças, persuadiram os nazistas a aceitar a ideia alegando que os pais renderiam mais no trabalho porque não precisariam se preocupar com seus filhos durante o dia. Desta forma, Dita conhece Fred Hirsch que era o responsável pelo Bloco 31, que na verdade, era uma escola clandestina, e passa a ser bibliotecária.

É no mínimo inusitado pensar na existência de uma biblioteca num campo de concentração, mas através do mercado negro, os judeus obtiveram alguns livros que eram usados nas aulas, e também existiam os chamados “livros-vivos”, professores que sabiam uma história de cor e contavam as crianças.

“Não era uma biblioteca extensa. Na verdade, eram oito livros. Naquele lugar tão escuro em que a humanidade chegou a alcançar a própria sombra, a presença dos livros era um vestígio de tempos menos lúgubres, mais benignos, quando as palavras ressoavam mais do que as metralhadoras. Uma época extinta.”

Os alemães consideravam os livros uma grande ameaça, como já vimos relatos na história eram feitas fogueiras com livros que não eram de interesse do Terceiro Reich, uma forma de silenciar e censurar os intelectuais. Portanto, a missão de Dita não era apenas conservar e organizar os livros da pequena biblioteca, mas escondê-los dos olhos dos nazistas, uma vez que se os achassem, além de acabar com as atividades da escola, sua vida estaria em risco.

Durante a narrativa, conhecemos diversos personagens, entre eles a encantadora Margit, uma adolescente de 16 anos que é uma das melhores amigas de Dita, o perverso Doutor Mengele que como sabemos foi um cientista capaz de realizar experimentos abomináveis em seres humanos, o professor Morgenstern que era considerado um louco por muitos, dentre outros tantos.

Dita é uma garota cheia de vida, esperança, disposição e uma heroína-mirim, sua dedicação aos livros e a seu trabalho como bibliotecária era notável, e ela se espelhava no líder do Bloco 31, Fred Hirsch, que tentava trazer um pouco de normalidade a vida daquelas crianças de Auschwitz.

“Ela pensa por um momento em Hirsch com aquele eterno sorriso enigmático. De repente, percebe que o sorriso de Hirsch é uma vitória. Num lugar como Auschwitz, onde tudo é projetado para fazer chorar, o riso é um ato de rebeldia.”

Um livro escrito de uma maneira simples, mas que carrega uma história tocante, com diversos aprendizados, e altamente emocionante. Um livro que fala não somente sobre os horrores do Holocausto e da Guerra, mas também mostra o amor, a fé, a esperança, a bravura, a lealdade, o companheirismo, a amizade. Não só indico a leitura, como recomendo a todos, ainda mais por nos mostrar a importância dos livros em nossas vidas e como eles podem ser transformadores!

“Voltar a ter um livro nas mãos faz com que a vida comece a se encaixar, com que as peças de um quebra-cabeças que alguém desmanchou a chutes voltem, pouco a pouco, ao seu lugar.”

Nota :: 

Informações Técnicas do livro

A Bibliotecária de Auschwitz
Um romance baseado numa história real
Antonio G. Iturbe
Ano: 2014
Páginas: 366
Editora: Agir
 
Sinopse (Skoob):
Muitas histórias do horror e sofrimento testemunhados dentro dos campos de concentração nazistas são contadas e recontadas, já estão gravadas e arquivadas. É difícil, nesses relatos, encontrar atos de esperança e força diante de todo o mal registrado durante o Holocausto. 'A Bibliotecária de Auschwitz' é um livro diferente. É uma história verdadeira e cheia de detalhes a respeito de um professor judeu, Fredy Hirsh, que criou uma escola secreta dentro do bloco 31, no campo de concentração de Auschwitz, dedicando-se a lecionar para cerca de 500 crianças. Criou também uma biblioteca de poucos volumes com a ajuda de Dita Dorachova, uma menina judia de 14 anos que se arriscava para manter viva a esperança trazida pelo conhecimento e escondia os livros embaixo do vestido. É um registro de uma época sofrida da História, mas que também mostra a coragem de pessoas que não se renderam ao terror e se mantiveram firmes usando os livros como 'arma'."

26 abril, 2017

Resenha :: Anjo Negro

abril 26, 2017 16 Comentários

“São os pequenos querubins que nos trazem paz de espírito e nos levam a encontrar um sentido no meio dessa merda de vida.”


Sabe o lado bom de ler um livro de romance LGBT (protagonizado por guris) mesmo sendo uma guria hétero e completamente iludida? Você pode multiplicar o seu amor platônico por dois!  E essa é uma das razões por gostar tanto de romances LGBT, além de eles serem, é claro, super fofos e darem um grito contra o preconceito, já que toda forma de amor é sempre válida e tal (menos aquelas possessivas e violentas, aquelas dão medo ).


Apesar disso, eu nunca havia lido um livro assim nacional, só estrangeiros com uma pegada mais juvenil, principalmente (porque eu tenho uma mente de adolescente mesmo já sendo uma velha de 21 anos e podendo beber legalmente nos Estados Unidos e tudo ). Mas agora eu posso dizer que eu li, gostei e não me senti no meio de uma novela mexicana (o que aconteceu em alguns livros nacionais que li, alguns de nós, brasileiros, temos uma tendência para dramatizar tudo, que é uma coisa, e sim, eu estou incluída nisso ).

O livro em questão é Anjo Negro, do autor Lyan K. Levian, publicado de forma independente, que eu nem sabia que existia até o Gabriel (revisor do blog) me falar dele (Obrigada, Gabriel! ). Quando eu li a sinopse desse livro, eu pedi para o ler (talvez tenha implorado, mas vamos fingir que eu tenha algum orgulho, ok?), poooooorém quando o Lyan nos falou mais sobre o livro eu fiquei com um pouco de medo de ler, porque ele não é como os livros LGBT juvenis que eu li, ele é indicado para serezinhos maiores de idade por ter palavrões, violência e uma cena homoerótica. 

Pelos palavrões e pela violência eu nem ligaria, porque, bom, eu leio muitos livros assim, e até gosto de quando espancam alguém, cortam a cabeça, esquartejam... dependendo do meu humor. Já a parte erótica é quase sempre um problema em qualquer tipo de livro, porque eu devo ter uma alma conservadora, chata e recatada, e quem me conhece sabe que se começar a falar sobre isso na minha frente, eu vou ficar completamente sem jeito e tentar falar sobre qualquer outra coisa, nem que seja sobre imposto de renda . Só não fico vermelha, porque, como sou anêmica, não tenho sangue o suficiente para isso. Mas, mesmo assim, eu li, porque, bom, eu sou curiosa, e essa é uma parte incontrolável minha, bem incontrolável, na verdade. E, dessa vez, não me arrependi (ainda bem) de me deixar levar pela curiosidade. Agora, paremos de falar de mim (daqui a pouco vou parecer narcisista ), e vamos (finalmente) ao livro . 

“Apesar de estranhar as próprias ideias às vezes, ele não era de rejeitar o que sentia. Se a coisa estava ali, aceitava e pronto.”

Imagem do autor
Anjo Negro é narrado em terceira pessoa e é protagonizado pelos personagens Kenan e Lucio. Tudo começa quando Kenan Russel está no seu primeiro dia em um novo colégio, no meio do ano letivo do 3º colegial, onde ele não conhece ninguém, já que se mudou para a cidade recentemente. E como ele reprovou por muitas faltas em anos anteriores, ele é três anos mais velho que todo mundo. Aí você pode pensar: “Ah! Pobrezinho, deve se sentir rejeitado, fragilizado e tímido, sem nenhum amigo”, mas pensando isso você se engana, completamente, porque o Kenan logo chama a atenção, com a sua aparência de bad boy, cabelo negro longo, olhos azuis, roupas pretas, muitos colares, brincos... Uma aparência que dá medo, mas que atrai ao mesmo tempo, causando suspiros em um bando de gurias que bem que queriam que ele as jogasse na parede e as chamasse de lagartixa . Porém, ele não está nem aí para elas, na verdade, ele não está nem aí para muita coisa, só quer conseguir o diploma para deixar a mãe feliz. Ele já passou e passa por muita coisa para se deixar ser atingido pela opinião alheia. Na sala de aula ele acaba se sentando ao lado de um guri completamente diferente dele, o Lucio Corrêa. 
Imagem do autor


O nosso querido Lucio, que lembra um querubim, com sardas super fofas, vive se escondendo atrás dos cabelos ruivos, tentando fazer de tudo para não ser notado, só tenta ser um bom aluno sem chamar atenção. Ele sofre bullying todos os dias (principalmente de um certo carinha, o Victor, que ama todas as oportunidades de humilhá-lo), e, muitas vezes, acaba parecendo que é completamente passivo, que nunca tomaria nenhuma atitude, sofrendo calado tudo que tem que enfrentar. Inicialmente eu queria dar uns tapas nele e sair gritando “Acorda para a vida, meu filho!”, porque antes de saber os motivos dele, essa apatia toda é meio estressante.

E não fui a única que achou isso, porque ao perceber a falta de atitude de Lucio, o Kenan começa a provoca-lo também, para tentar faze-lo ter alguma reação. E quando o Lucio explode e faz alguma, as coisas começam a tomar uma direção inesperada pelos dois, pois ambos começam a notar que os dois são muito mais do que as primeiras atitudes e as aparências mostram, as primeiras impressões são apenas a ponta do iceberg, abaixo da superfície é possível encontrar coisas obscuras, mas também apaixonantes .

“É como desejar conhecer o inferno, mas não gostar do calor do fogo.”


Anjo Negro me surpreendeu bastante, porque vai além de ser um simples romance, é um livro que é bem abrangente, desde romance com autodescobertas e aceitação, até gangues, brigas, bullying, entre muitas outras questões. E uma das coisas que eu mais gostei foram os personagens que fugiram dos estereótipos. Pare para pensar. Normalmente, quando lemos sobre algum personagem mais bad boy, motoqueiro, malandro, que faz parte de uma gangue, acabamos achando que ele é todo machão e preconceituoso, certo? Mas estamos errados. Aparências não mostram o interior de ninguém. E o fato de uma pessoa ser hetero ou homossexual não quer dizer que ela é só isso. É apenas uma das características que faz a pessoa ser ela mesma, não é uma característica para limita-la. Sua orientação sexual não precisa te fazer ser como todos esperam que você seja. Você pode ser gay e bad boy, mas também pode ser mais sensível, tímido... Você pode ser o que quiser, porque o mundo vai muito além de estereótipos, vai muito além do que pensamos só quando estamos dentro da caixa. E isso é uma das coisas que mais amei nesse livro, porque o Lyan aborda isso de maneira natural e não forçada, com uma escrita super fluída, que te faz ler o livro rapidinho, em menos de um dia.

“Quanto mais diferentes fossem, mais motivos para chacotas surgiriam.”
E tudo isso me faz pensar nesse livro como se ele fosse chocolate (sou louca por chocolate), porque eu gostei muito dele, mas nesse caso ele é chocolate ao leite e não meio amargo (que é o meu preferido), porque ele não é totalmente perfeito, mas poderia ser. E isso nem é por causa das partes mais pervertidas (que prefiro nem comentar, além de que acho que nunca mais vou olhar para vaselina da mesma maneira), mas pelo fato de que senti que certos detalhes do livro podiam ser mais abordados, como mais sobre as famílias do Kenan e do Lucio, uma abordagem mais detalhada das gangues, uma maior descrição dos cenários ou até retratar a convivência dos protagonistas em período maior de tempo, porque o livro inteiro se passa em cinco dias, e fico pensando em como seria se ele se passasse, por exemplo, em cinco meses, porque acho que assim se aprofundaria mais, ou posso estar totalmente errada e estar falando abobrinha .

Anjo Negro é um livro curto, mas que mesmo assim atinge pontos da nossa sociedade que muitas pessoas ignoram, traz a tona muitas coisas que, muitas vezes, preferimos fechar os olhos e fingir que não existem, mas existem e ignorar não resolve nada, só acumula como uma bola de neve rolando ladeira abaixo. É um livro que te faz sentir um redemoinho de sentimentos e sensações, você fica com raiva, mas depois suspira com algo que acha fofo. Então se você quer ler um romance LGBT nacional que te faz sentir e refletir suas próprias atitudes, esse livro é mais do que indicado. Até! 


“Ser rebelde sem que soubessem também tinha lá sua graça.”

Nota :: 

Informações Técnicas do livro

Anjo Negro
Ano: 2017 (Versão atualizada)
Páginas: 132 (impresso) ou 122 (eBook)
Sinopse (Skoob): 
Kenan Russel é novato na escola em plena metade do 3º colegial - um verdadeiro saco, na opinião dele. Mas sua personalidade desaforada e petulância fazem com que não se sinta intimidado pelos olhares que recebe por causa de sua aparência.
Já Lucio Corrêa, aluno daquela escola desde o primeiro colegial, é o extremo oposto de Kenan: vive encolhido na esperança de que não o notem. O bullying que sofre diariamente ensinou-o qual é seu lugar no mundo.
Kenan vê aí uma boa oportunidade de passar o tempo: quanto mais Lucio se encolhe na cadeira com suas provocações, mais quer incomodá-lo.
Porém, uma pequena atitude de Lucio faz com que Kenan comece a olhá-lo de forma diferente...


Atenção: Livro recomendado para maiores de 18 anos.



Sobre o Autor Lyan K. Levian

Seguindo um indelével desejo pela igualdade, Lyan veste seu manto para colocar em palavras tudo aquilo que acredita sobre o amor e sobre a libido das pessoas.

“Somos todos anjos em corpos humanos, e anjos não têm definição de gênero. Logo, não importa a quem se ame, desde que seja verdadeiro.”

Estando no mundo da escrita há alguns anos, mas somente iniciando publicações do tipo “boys love” em 2016, Lyan traz aos que amam histórias entre garotos um novo frescor nos enredos, sempre misturando romance com personagens problemáticos e lascivos.



Saiba mais sobre o Livro e o Autor